À medida que o tempo passa e ele percorre o povoado, encontra trabalhadores dispostos e vai oferecendo trabalho a quem encontra, pelo mesmo salário. Novos trabalhadores vão sendo contratados. Ao final do dia, paga o mesmo salário para quem cedo iniciou e para quem chegou quase ao final do dia.
Alguns dos primeiros criticam a situação de aparente injustiça, sendo rebatidos de que o salário havia sido convencionado e que o aprazia ser bom para com aqueles que estavam aguardando oportunidade do trabalho que ainda não havia chegado.
Numa conclusão mais apressada, pode-se deduzir que no exemplo acima tanto o trabalhador dedicado quanto o não tanto fariam jus à mesma paga.
Mas é justamente o contrário.
Trazendo esta parábola para o contexto da existência humana, devemos comparar o convite do dono da vinha aos trabalhadores com a oportunidade que Deus nos oferta, quando nos julga prontos, para engrossar as fileiras dos que buscam o verdadeiro sentido da vida, que passa pelo trabalho em auxilio do seu semelhante.
Esses trabalhos começam pelo seio familiar, onde somos recebidos com toda a esperança de estreitar relações espirituais através da carne, cultivando a compreensão, a solidariedade, o perdão, enfim, o amor.
Cumpridas estas tarefas básicas, devemos buscar ampliar o leque de nossa atuação para a grande família humana, em todas as relações que se nos apresentarem, tarefas muitas vezes assumidas no plano espiritual, antes da encarnação.
Se durante essa trajetória terrestre (ínfima perante a eternidade) desperdiçarmos nosso tempo entregando-nos aos chamamentos da preguiça, da luxúria e do egoísmo, seremos aqueles trabalhadores que desperdiçaram oportunidades, fugindo da convocação do Pai.
A estes não haverá a paga, e sim dívida contraída.
O homem esclarecido de hoje não pode voltar-se somente aos seus anseios materiais. Deve buscar sua iluminação através do conhecimento dos valores realmente importantes que marcam sua existência, e dará a ele próprio a herança das vidas futuras.
“Somos herdeiros de nós mesmos”.
Tudo que nós plantarmos no fértil jardim de nossa consciência, através dos nossos atos, fará parte de nós ao longo das inúmeras existências.
O cuidado com esse jardim é essencial, começando pelo pensamento, pelo sentimento.
Purgando nossas mazelas através do enfrentamento de nossos defeitos, conhecendo e reconhecendo em nós o que precisa mudar, retirará as ervas daninhas, enriquecendo pouco a pouco nossa individualidade, aproximando-nos da real felicidade.
Conclama-nos o Espírito Constantino, em pronunciamento registrado no Livro dos Espíritos, 1863: “Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora.”.
Ao que podemos acrescentar: “Espíritos bons, todo aquele que busca aperfeiçoar o desejo pelo bem de si e de seu semelhante também é o trabalhador da última hora, e pela sua sincera dedicação será recompensado.”.
O que nos quer dizer então Jesus?
Caiam em si todos aqueles que ainda vagam no mar exclusivo da materialidade. Arrependam-se sinceramente dos erros cometidos e voltem seu olhar para o sol do amor fraterno, que todos os dias esparge seus raios sobre nós.
Àqueles que o fazem de longa data buscando “salvação” sobre recompensas materiais, receberão muito menos do que o tardio mas sincero desejo de reforma íntima, de última hora.
Jesus Cristo: “(…)os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos (…)”.