A suspensão de novos hotéis em Gramado por seis meses, inicialmente pensada como medida temporária para conter o crescimento desenfreado do setor turístico, poderá ser transformada em uma proibição definitiva.
A possibilidade foi levantada pelo prefeito Nestor Tissot, onde explicou os motivos que levaram à decisão e os desdobramentos que estão sendo considerados para o futuro da cidade.
Decisão visa conter colapso urbano no centro de Gramado
O centro de Gramado, hoje com mais de 300 restaurantes, cerca de 200 hotéis e 16 parques temáticos, sofre com superlotação, trânsito caótico, falta de água, problemas de saneamento e pressão sobre os serviços públicos.
Para o prefeito, a pausa nas licenças é uma oportunidade de reavaliar o ritmo de crescimento da cidade, com foco em saúde, educação, mobilidade e qualidade de vida da população local.
“Os investimentos chegam de todos os cantos do país. Mas precisamos segurar o ritmo. A cidade precisa respirar”, declarou o prefeito.
Suspensão de novos hotéis em Gramado abre espaço para turismo descentralizado
Durante a suspensão, a prefeitura estuda o futuro urbanístico de Gramado, com possibilidades que vão desde a antecipação do retorno das autorizações até a extensão da medida para além do prazo estipulado.
A ideia central, segundo Tissot, é repensar o modelo atual, que estimula a construção de empreendimentos semelhantes e, muitas vezes, com baixa taxa de ocupação.
“Temos hotéis que disputam os mesmos turistas com produtos iguais.
Isso não é sustentável.
A média de ocupação nem chega a 60%”, criticou.
Construções no centro podem ser vetadas de forma definitiva
Uma das alternativas em estudo pela prefeitura é impedir permanentemente a construção de novos estabelecimentos no centro.
A ideia é estimular o crescimento de áreas periféricas e zonas rurais, onde surgem novas pousadas e atrativos como agroindústrias, trilhas e cachoeiras.
O objetivo é formar um novo polo turístico a aproximadamente 10 km do centro urbano.
Multipropriedades e vendas agressivas também estão sob análise
Outro ponto de atenção é o crescimento das multipropriedades, modelo em que cotas de imóveis são vendidas para uso fracionado.
A prática, embora crescente, levanta dúvidas quanto à sua sustentabilidade.
Tissot também criticou a abordagem agressiva de vendedores, alvo de diversas queixas por parte dos visitantes.