Comerciantes eram extorquidos mensalmente sob ameaça no RS por uma organização criminosa que atuava de forma sistemática na região do Vale dos Sinos.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Campo Bom, deflagrou na manhã desta sexta-feira (27) a Operação Pedágio, uma ofensiva de grande porte contra crimes de extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A investigação identificou que proprietários de lojas de veículos eram coagidos a realizar pagamentos mensais para evitar represálias.
As ameaças envolviam intimidações, depredações, agressões físicas e até ataques armados, segundo o Delegado Rodrigo Câmara, responsável pelo inquérito. Mais de 70 empresas foram identificadas como vítimas diretas do grupo.
Durante a operação, foram presos 14 suspeitos e cumpridos 46 mandados judiciais, sendo 15 de prisão preventiva e 31 de busca e apreensão, em Campo Bom, Novo Hamburgo, Rosário do Sul, Canoas, além de alvos nos estados do Paraná e São Paulo.
Parte dos investigados já estava recolhida no sistema prisional, apontada como integrante ativa da quadrilha.
A força-tarefa resultou ainda na apreensão de mais de R$ 35 mil em espécie, drogas, uma balança de precisão, quatro carros, uma motocicleta e uma arma de fogo.
Conforme apurado ao longo da investigação iniciada em 2024, o esquema era altamente profissionalizado, com núcleos bem definidos.
Um setor era responsável pelas ameaças diretas e pelas cobranças, enquanto outro se dedicava à lavagem do dinheiro extorquido, pulverizando os valores em contas de laranjas, empresas de fachada e movimentações bancárias fracionadas.
O grupo movimentou mais de R$ 2 milhões em apenas 10 meses, dificultando o rastreamento dos recursos.
Comerciantes eram extorquidos mensalmente no RS
A Operação Pedágio mobilizou cerca de 140 policiais civis e teve articulação interestadual, revelando a capilaridade da organização criminosa.
Segundo a Polícia Civil, a atuação da quadrilha tinha por objetivo instaurar um clima de medo entre comerciantes, garantindo pagamentos mensais em troca da própria segurança. Em muitos casos, empresários cederam às exigências após sofrerem danos físicos e materiais graves.
A ofensiva policial representa um duro golpe contra o crime organizado no Sul do Brasil, especialmente em um setor altamente vulnerável, como o das revendas de veículos.
A Polícia Civil segue investigando os desdobramentos financeiros e operacionais do grupo, com a possibilidade de novas prisões e bloqueios de contas bancárias.