Pai diz não entender português e caso das crianças em situação de abandono com sinais de hipotermia em Porto Alegre é pausado.
As irmãs, de 2 e 7 anos, estavam tremendo de frio, com queimaduras nas mãos e rosto, nas proximidades da Praça Montevidéu, na última segunda-feira.
Elas usavam apenas calças e casacos finos em meio à onda de frio intenso que atinge o estado.
Pai: linguagem é obstáculo em investigação
O pai das meninas, um homem indígena de 43 anos, foi ouvido pela Polícia Civil na quarta-feira como suspeito.
No entanto, a investigação travou: ele afirma compreender apenas a língua guarani, o que dificulta o avanço do inquérito.
Diante disso, um segundo indígena da mesma aldeia se ofereceu para atuar como intérprete voluntário.
Contudo, os agentes ainda não sabem se a tradução das perguntas e respostas foi feita de forma fidedigna, o que coloca em xeque a validade do depoimento prestado até o momento.
Mulher e possível mãe serão ouvidas
A mãe das crianças, de 35 anos, deve ser ouvida nesta sexta-feira.
Ela tem outros sete filhos com o suspeito e, apesar da gravidade dos fatos, o casal responde em liberdade.
A dupla poderá ser indiciada por abandono de incapaz, crime previsto no Código Penal.
Também será interrogada uma jovem de 19 anos que estava com as crianças no momento do resgate.
Na ocasião, ela mentiu à polícia e afirmou ter apenas 17 anos.
Há suspeitas de que ela possa ser a verdadeira mãe de uma das vítimas, mas sem documentos de identidade, nenhuma versão pode ser confirmada com precisão.
Conselho Tutelar acolhe as meninas
As meninas foram socorridas pela Guarda Municipal, após denúncia.
Elas foram encaminhadas à Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) e, posteriormente, ao Conselho Tutelar.
Hoje, seguem acolhidas em um abrigo da cidade.